O punho é uma das articulações mais complexas do corpo humano. É formado por dez ossos (oito pequeninos ossos do carpo que se unem aos dois ossos maiores do antebraço). Eles se movem em múltiplos planos. Todos os ossos são interligados e estabilizados por ligamentos, cápsula articular e tendões.
O tenista, como a maioria da população em geral, ao apresentar uma dor no punho, logo pensa que se trata de algo sem importância e que irá passar com o tempo. Essa atitude é errada e deve ser evitada, pois a lesão pode se agravar e se tornar crônica.
A primeira atitude que um paciente com dor constante no punho deve tomar é procurar um médico ortopedista e obter um diagnóstico definitivo. Só assim poderá se obter um tratamento adequado.
Antigamente as lesões crônicas no punho eram definidas como “pulso aberto”. Esse diagnóstico inespecífico era feito em uma época em que os métodos de avaliação por imagem eram limitados e não se tinha clareza na visualização das estruturas normais e das lesões. Com a melhoria desses exames se pode entender melhor como funciona a articulação e como ocorrem as lesões.
Outro avanço no diagnóstico das lesões foi o inicio das cirurgias por vídeo, chamadas de artroscopia. Nelas se pode visualizar diretamente as lesões e já tratá-las ao mesmo tempo. São utilizados materiais delicados e, para as pequenas articulações como o punho, usa-se câmara de vídeo de menos de três milímetros de diâmetro.
Ao avaliar uma lesão no punho do tenista, deve-se diferenciar os atletas que apresentaram um episódio de
trauma ou queda que provocou o início dos sintomas daqueles em que o processo foi lento e gradual, causando uma patologia crônica.
Quando há uma lesão traumática os sintomas são mais exacerbados, com inchaço, dor e perda de força. Nesses casos não se pode descartar a presença de fraturas e lesões ligamentares.
A ruptura dos ligamentos pode ser parcial ou total. Quando é completa causa instabilidade e dor. A lesão se
agrava com o tempo, causando desgaste precoce da cartilagem que recobre a articulação, processo chamado de artrite pós-traumática (ou artrose). Toda essa seqüência de eventos pode inicialmente ser chamada de “pulso aberto”, mas na verdade se trata de uma lesão ligamentar grave.
Após saber se houve trauma, o médico deve definir se a dor tem origem dentro da articulação ou fora. O tratamento para esses dois tipos de caso é completamente diferente.
Quando a causa da dor é fora da articulação, pode-se determinar o local dos sintomas com mais precisão e clareza pelo paciente. Um diagnóstico nessa categoria é a tendinite do Extensor Ulnar do Carpo. Ele é um forte músculo que tem a função de estender o punho e se insere na base do quinto metacarpo. É
sobrecarregado em movimentos laterais e de rotação do punho, muito usado durante a realização do saque e do “smach”. Outra patologia com origem fora da articulação que pode causar dor no punho são os cistos sinoviais. Ele se forma quando líquido sinovial, que tem a função de nutrir e lubrificar a articulação, acaba “vazando” e formando um nódulo, geralmente na parte dorsal do punho.
Lesões dentro da articulação geralmente causam sintomas mais espalhados e que pioram com movimentos de força e impacto. No tênis observa-se a piora ao se realizar um ataque de direita (ou “forehand”) ou um voleio. Essa dor pode ser decorrente de uma lesão ligamentar no punho, de uma lesão da cartilagem
articular ou de uma ruptura de um pequeno menisco que existe na parte lateral da articulação, chamada de Fibrocartilagem Triangular. Essas estruturas podem ser palpadas e definidas suas possíveis lesões com o exame clínico feito pelo médico. Também o auxílio de exames de imagem de alta definição, como a ressonância nuclear magnética, ajudam na definição do diagnóstico.
Nos últimos anos a principal evolução no tratamento das dores do punho foi a definição da anatomia e da função da Fibrocartilagem Triangular. Ela é um disco semelhante ao menisco do joelho, localizado no lado externo do punho. Tem a função de estabilizar a articulação e de funcionar como um amortecedor de impacto durante uma queda. Tal estrutura pode ser lesada por trauma ou apresentar lesões
degenerativas por desgaste. A lesão causa dor e perda de força, principalmente nos movimentos de rotação do antebraço. O tratamento depende do tipo e da gravidade da lesão e da idade do paciente, podendo ser feito com fisioterapia ou até cirurgia.
É isso ai amigos tenistas, agora vimos que várias estruturas podem gerar dor no punho. Espero que todos tomem a decisão correta quando algum problema ocorrer.
Jornal Match Point – Edição número 15 – Abril/2010