Novidades no tratamento da epicondilite lateral

cirurgia-da-maoFreqüentemente pacientes chegam ao consultório médico já tendo se informado sobre os seus sintomas. Existem muitas informações sobre saúde disponível na internet e, de uma maneira geral, o “doutor Google” é o primeiro especialista a ser consultado. Porém, além do lado positivo, esse acesso fácil à informação também pode gerar muitas dúvidas aos pacientes. Em alguns casos, estudos com comprovação científica se misturam com opiniões tendenciosas ou com pesquisas em estágios iniciais.
Levando isso para o nosso meio do tênis, no tratamento da epicondilite lateral do cotovelo, existem à disposição informações muito contraditórias e que muitas vezes trazem muitas dúvidas aos esportistas.
A epicondilite lateral, também chamada de cotovelo de tenista, é uma patologia que no passado se pensava que era uma tendinite dos extensores do punho. Esses tendões saem da porção lateral do cotovelo e movimentam o punho para cima. No entanto, estudos mais recentes revelam que o processo patológico é uma tendinose, e não uma tendinite. Explicando melhor, isso significa que o que predomina é um processo degenerativo, e não inflamatório. Os sintomas ocorrem geralmente em adultos de meia idade que apresentam uma boa potência muscular. Como o local de fixação do músculo e dos tendões no osso do cotovelo se dá em uma área pequena, ela não recebe um suprimento sanguíneo suficiente. Assim ocorrem degeneração e desgaste das fibras, quando submetidas a um esforço físico exagerado.
O tratamento clássico para a epicondilite lateral do cotovelo é realizado com o uso de gelo, medicações antiinflamatórias e fisioterapia. Em casos de crises de dor, pode-se imobilizar o cotovelo e o punho. Deve-se ter em mente que o tratamento é demorado, uma vez que o processo de instalação da doença também é lento. Muitos médicos acham que essa patologia tem uma evolução auto-limitada, ou seja, independente do tratamento que se faça, em alguns meses o paciente melhorará. A imobilização com tala gessada que se fazia por períodos longos no passado não tem se utilizado nos dias de hoje, pois se sabe que ela aumenta a atrofia dos tecidos e não trata a causa da doença. Também pode ser realizado o uso de medicação à base de cortisona, que é um antiinflamatório hormonal. Ela pode ser usada tanto na forma de infiltração no local da dor quanto intramuscular. Essa modalidade tem o uso restrito, uma vez que se sabe que a base da doença não é uma inflamação, e sim um processo degenerativo.
Para os pacientes que não melhoram em um período de seis meses, mesmo realizando um tratamento correto, existe a possibilidade de tratamento cirúrgico. Ele consiste em fazer uma “limpeza” do tendão desgastado e ao mesmo tempo gerar um estímulo para que o tendão cicatrize de maneira mais resistente. Esse procedimento pode ser feito através de artroscopia (cirurgia por vídeo) com resultados semelhantes aos de cirurgia aberta, tendo a vantagem de necessitar um período menor de imobilização após a cirurgia e um retorno mais rápido às atividades físicas e profissionais.
Nos últimos meses, talvez poucos anos, muitos pacientes têm me questionado sobre métodos mais modernos de tratamento, tais como ondas de choque e infiltração de concentrado rico em plaquetas. Existem muitas informações diferentes sobre esses métodos de tratamento na internet. Deve-se, porém, tomar cuidado porque eles representam conceitos distintos.
A terapia de ondas de choque consta da aplicação de um pulso sônico que causa uma forte onda de pressão que faz variar bruscamente a pressão em qualquer meio aplicado (gasoso, líquido ou sólido), fato semelhante ao que ocorre em explosões, raios e aviões supersônicos. Essa variação de pressão gera a formação de micro bolhas que eclodem e fragmentam calcificações. Também causam um estímulo local, liberando enzimas que atuam na fisiologia da dor e provocam a formação de micro vasos que melhoram a irrigação e oxigenação dos tecidos e, por conseqüência, facilitam a cicatrização. Para o tratamento de terapia extracorpórea por ondas de choque em epicondilite, recomenda-se a aplicação de uma a três sessões com intervalos de três, seis e doze semanas.
Já a infiltração de concentrado rico em plaquetas foi desenvolvida para estimular a cicatrização dos tecidos de uma maneira mais rápida. Este tratamento se faz inicialmente com a retirada de uma quantidade de sangue do paciente, que varia de nove a cinqüenta mililitros. Depois esse sangue é centrifugado e misturado com componentes químicos e a porção plaquetária é injetada no cotovelo do paciente, sob a forma de uma infiltração. Algumas empresas do exterior fornecem o material para a sua realização. A infiltração é única e os resultados são promissores, contudo não existe nenhum embasamento que esse tratamento tenha bons resultados a longo prazo ou que ele seja melhor quando comparado aos tratamentos clássicos. Além disso, o custo elevado é um fator que impede o seu uso em larga escala.
Espero que eu tenha sanado algumas dúvidas dos meus parceiros de quadra e lembrem que a paciência faz parte do tratamento da epicondilite lateral. Um grande abraço e bons jogos.
(Algumas informações foram retiradas do site da Sociedade Brasileira de Terapia por Ondas de Choque – www.sbtoc.org.br)

Jornal Match Point – Edição número 18 – Julho/2010

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