Cisto no punho e na mão
Os cistos cinoviais se formam quando o líquido sinovial extravasa da articulação ou da bainha dos tendões.
Articulações e tendões são estruturas que dependem do movimento para funcionar. Por isso elas são formadas por tecidos que favorecem a mobilidade, entre eles a membrana sinovial. Essa membrana recobre a parte interna das articulações e dos tendões e produz o líquido sinovial, que funciona como uma espécie de óleo lubrificante para facilitar o movimento das articulações e tendões. O cisto no punho é resultado do vazamento deste liquido.
Porque se formam os cistos no punho?
Um cisto é definido como uma cavidade recoberta por tecido epitelial que está cheia de líquido.
Os cistos sinoviais se formam quando o líquido sinovial extravasa da articulação ou da bainha dos tendões. Na tentativa de conter este extravasamento, o organismo forma uma cápsula, que é o cisto. A causa da formação do cisto no punho e na mão ainda não foi esclarecida. Algumas teorias dizem que eles são causados por pequenas rupturas da cápsula articular por trauma, outras relacionam seu aparecimento com movimentos de repetição e outras ainda relacionam a uma falha congênita de vedação da cápsula, já que o cisto pode aparecer em pessoas sedentárias e sem história de trauma.
Porque os cistos no punho aumentam e diminuem de tamanho?
Quando o cisto se forma, existe um canal de comunicação entre ele e a articulação ou entre ele e a bainha do tendão, chamado de pedículo. Por este pedículo, o líquido do interior do cisto pode voltar para o interior da articulação, diminuindo o seu tamanho.
Porém também pode ocorrer o contrário, mais líquido sinovial pode extravasar para o interior do cisto. Outra explicação para a possível diminuição do volume do cisto, é que na tentativa na tentativa de “tratar” o cisto, o organismo reabsorve parte do líquido sinovial fora da articulação. Essa desidratação, porém, torna o líquido no interior do cisto mais denso, semelhante a uma clara de ovo.
Quais são os locais mais frequentes do cisto sinovial?
O cisto sinovial é mais frequente no dorso do punho e depois na região volar e lateral do punho, próximo da artéria radial. Esses dois locais são responsáveis por mais de 80% dos cistos no punho e na mão. É muito provável que se formem em um local de fragilidade da cápsula articular, que se rompe e permite a formação do cisto.
Porque os cistos doem?
Quando estão se formando, os cistos causam uma dilatação dos tecidos ao seu redor.
Essa é a principal causa de dor. Também existem teorias que dizem que os cistos comprimem determinados nervos responsáveis pela sensibilidade, causando irritação e, consequentemente, dor. O cisto em si não dói, a dor decorre da compressão ou da irritação dos tecidos em sua volta.
O cisto traz algum tipo de risco?
O cisto não é um tumor maligno, por isso não apresenta qualquer risco para a saúde geral do paciente. No entanto pode causar dor com diminuição da mobilidade e da força da articulação.
O que é Cisto Oculto?
Quando o cisto se forma, ele pode não ser volumoso o suficiente para se tornar aparente ou ser palpado. Se ele se localiza entre a camada de tendões extensores e a articulação, fica oculto à observação externa.
A presença desse tipo de cisto é suspeitada pela dor a palpação do local e pode ser confirmada através de exames de imagem (ecografia ou ressonância magnética).
O que é Cisto Mucoso?
É um tipo diferente de cisto que ocorre na ponta dos dedos. Está diretamente relacionada a uma fase inicial de artrose, que é o desgaste da cartilagem da articulação.
Em uma tentativa de melhorar a lubrificação da articulação acometida pela artrose, o organismo produz mais líquido sinovial para facilitar o movimento. Porém parte desse líquido pode extravasar para fora da articulação e formar o cisto mucoso. Esse pode causar dor, deformidade na unha e até infecção da articulação, quando se rompe de maneira espontânea.
Tendinite pode ocasionar um cisto no punho?
Nem sempre, mas uma tendinite causada por compressão dos tendões, como a tenossinovite de Quervain, pode ocasionar um cisto. A explicação é semelhante àquela dada para formação do cisto mucoso. O organismo produz uma quantidade extra de líquido na tentativa de facilitar o movimento do tendão comprimido, o que pode originar o cisto.
O cisto pode desaparecer sozinho?
Sabe-se que o cisto sinovial pode desaparecer sozinho ou após um trauma.
Pode-se aspirar um cisto?
Até bem pouco tempo atrás, faziam-se punções e aspirações dos cistos de rotina nos atendimentos de ortopedia. Com o tempo, observou-se que após a punção o cisto se torna menos volumoso por um curto período, mas logo em seguida volta à mesma forma inicial. Isso ocorre porque a punção só aspira o líquido do interior do cisto e não trata ou fecha o pedículo, local por onde o líquido sinovial está vazando. Assim, mais líquido novamente extravasa para o cisto e este volta ao mesmo volume de antes. A chance de um cisto no punho ou na mão retornar após uma punção é de mais de 90%. Além disso, ao introduzir uma agulha no interior do cisto, se aumenta o risco de complicações, como infecções. Uma vez que o cisto tem comunicação direta com a articulação, se uma bactéria entrar nesse local pode causar uma infecção grave.
Quais são as opções de tratamento?
Por não se tratar de um tumor maligno e não ser uma doença que possa evoluir e prejudicar a função dos tendões e das articulações, o tratamento dos cistos sinoviais depende das queixas do paciente.
O tratamento é a cirurgia que consiste em ressecar o nódulo que forma o cisto e fechar o local da cápsula da articulação por onde o liquido sinovial está vazando. A cirurgia pode ser realizada por técnica aberta, na qual é feita uma incisão na pele, aproximadamente do mesmo tamanho do cisto. Existe também a possibilidade de retirar o cisto através de artroscopia.
Nela uma câmera de vídeo (de 2.7 milímetros de diâmetro) e um aparelho cirúrgico semelhante a um cauterizador são introduzidos no interior da articulação, permitindo a drenagem do cisto e o fechamento da cápsula.
Como é depois da cirurgia?
Após a cirurgia, na maioria das vezes, o paciente é imobilizado com uma tala tipo luva. Ela permite a movimentação do cotovelo e dos dedos, deixando imobilizado somente o local da cirurgia. Mesmo com a colocação da tala gessada é permitido e recomendado ao paciente movimentar livremente os dedos da mão. Isso deve ser realizado especialmente com a mão para cima para não inchar os dedos. Não está permitido realizar força, como levantar uma sacola pesada.
O primeiro curativo é realizado até sete dias após a cirurgia. Ele é trocado por um mais leve. Com 10 a 12 dias de cirurgia são retirados os pontos. Após isso, na terceira semana após a cirurgia, a tala de gesso é substituída por uma tala removível. O paciente é então encaminhado para iniciar a reabilitação e a fisioterapia. Nesse período se pode molhar livremente o local da cirurgia e é indicado massagear a cicatriz com creme hidratante. Isso diminui o edema e o risco de possíveis aderências dos tecidos locais.
Precisa realizar fisioterapia após a cirurgia?
Logo após o procedimento e nas primeiras três semanas seguintes o paciente recebe um polígrafo com os exercícios que devem ser realizados em casa. O tratamento com um fisioterapeuta capacitado é feito após 20 dias de cirurgia, quando se coloca a órtese ajustável e removível. Serão realizados exercícios para a recuperação da mobilidade de flexão e extensão do punho. Também é feito alongamento, uso de gelo e massagem local para diminuir o inchaço. Numa fase tardia serão feitos exercícios com ganho de força.
O Cisto Pode Voltar?
A principal causa de recidiva do cisto sinovial após a cirurgia é a falta de repouso no pós-operatório. Geralmente isso acontece porque os pacientes retiram a tala ou fazem esforço físico precocemente após a cirurgia e sem orientação médica. Mesmo realizando a cirurgia e tratando da melhor maneira possível, existe um risco de cinco por cento de a lesão voltar. Muitos médicos acham que isso se deve a formação de um novo cisto e não do retorno da lesão que foi retirada.
Tem alguma pergunta específica sobre cisto no punho ou na mão?
Pergunte ao Dr Ricardo.
Dr. Ricardo Kaempf de Oliveira
CREMERS 23655